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Presidenciáveis fazem dobradinhas em último debate antes do primeiro turno


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No último debate dos presidenciáveis, realizado na noite desta quinta-feira, na TV Globo, Ciro Gomes (PDT) foi quem mais atacou o líder das pesquisas de intenção de voto, Jair Bolsonaro (PSL), que não compareceu ao evento. Segundo colocado nas pesquisas, Fernando Haddad (PT) procurou associar o capitão da reserva às reformas do governo Temer, mas o petista priorizou defender propostas para retomar a economia sem prejuízos sociais. Ciro, Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB) se apresentaram como alternativas viáveis contra a polarização entre Haddad e Bolsonaro. O debate manteve também enfrentamentos cordiais, com exceção de Alvaro Dias, que provocou o único direito de resposta da noite.

Estiveram presentes no debate, realizado nos Estúdios Globo, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, sete dos 13 presidenciáveis: Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (Psol), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede).

Bolsonaro alegou recomendações médicas para não comparecer. No entanto, também nesta quinta, o candidato do PSL gravou uma entrevista que foi exibida pela Record TV no mesmo horário do evento na Globo.

Ciro ataca Bolsonaro

Ciro Gomes (PDT) – João Miguel Júnior / TV Globo

Durante um embate sobre política contra drogas com Boulos, Ciro aproveitou para atacar Bolsonaro. Ao comentar o tráfico de armas, o pedetista disse que as ações de uma empresa de armas dispararam com o crescimento do ex-capitão nas pesquisas. Em outro momento, o cearense citou a neta e a filha, dizendo que elas são motivo de orgulho e não resultado de “fraquejada”.

Em outra tabelinha com Meirelles, ambos criticam a ausência do candidato do PSL no debate. Ciro aproveitou ainda para atacar a equipe de Bolsonaro, referindo-se ao candidato a vice, o genral Hamilton Mourão, e ao coordenador econômico da campanha do deputado, Paulo Guedes. “Se já estão brigando às vésperas da eleição, imagina se vai dar certo no Brasil?”. Meirelles engrossou o coro: “Não vai dar certo”.

Dobradinhas antipolarização

Marina Silva (Rede) – João Miguel Júnior / TV Globo

Ao longo de todo o debate, Ciro e Marina procuraram seduzir o eleitorado para um voto contra a polarização. “Você não pode decidir por medo ou por ódio”, defendeu a candidata da Rede. O pedetista lembrou do pleito de 2014: “Aécio e Dilma travaram aqui uma batalha de ódio. Você acha que se continuar nessa polarização, o presidente eleito governará ou haverá impeachment de novo?”, ele perguntou. “Não acredito que se possa governar o Brasil com essa polarização”, Marina concordou com o questionamento.

Além de Marina, Meirelles também articulou com Ciro, comparando Bolsonaro ao ex-presidente Collor. O emedebista perguntou a Ciro o que ele achava de chamarem candidatos de “salvadores da pátria”. O pedetista defendeu que as pessoas votem em ideias ao invés de pessoas, dizendo que os líderes nas pesquisas representam duas figuras exuberantes: o lulismo e o antilulismo.

Boulos defende a democracia

Guilherme Boulos (PSOL). – João Miguel Júnior / TV Globo

Em uma rodada entre Haddad e Boulos, o petista criticou as reformas do governo Temer. O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), no entanto, aproveitou para defender a democracia: “Não dá para a gente fingir que está tudo bem. Fazem 30 anos que esse país saiu de uma ditadura. Fazem 30 anos, mas a gente nunca esteve tão perto daquele momento. Se você vai poder votar no domingo, é porque teve gente que deu a vida pra isso”, defendeu. “Sempre começa assim, como se tudo se resolvesse na porrada. Ditadura nunca mais”, completou, arrancando aplausos da plateia.

Ciro e Haddad se enfrentam

Fernando Haddad (PT) – João Miguel Júnior / TV Globo

Em um pergunta sobre desenvolvimento sustentável, Haddad lembrou a Ciro que o pedetista tem como vice a senadora Kátia Abreu (PDT), liderança do agronegócio. O petista a diferenciou de “ruralistas arcaicos” que declararam apoio a Bolsonaro, que, segundo ele, “estão querendo retroceder com o Brasil”.

Ciro reforçou a crítica contra o candidato do PSL, mas aproveitou para criticar o PT: “Perdeu a condição política de reunir a população brasileira”, ele disse, resumindo os ano que o Partido dos Trabalhadores ficou no poder. “Boas ideias necessitam de ambiente político para enfrentar o fascismo e a radicalização estúpida que Bolsonaro representa”, acrescentou. 

Marina: Bolsonaro amarelou e PT não faz autocrítica

Henrique Meirelles (MDB) – João Miguel Júnior / TV Globo

Em confronto com Haddad, Marina também criticou Bolsonaro e cobrou autocrítica do candidato petista. “Bolsonaro amarelou, deu entrevista para a TV Record e não quis vir aqui”, reclamou.

O petista defendeu que é candidato porque o ex-presidente Lula foi injustamente condenado e que o projeto petista de governo “deu certo”. “Falam que Lula é radical, mas o ex-presidente abriu as portas do Palácio do Planalto a todos, do servente de pedreiro ao banqueiro; e governou olhando para os mais pobres”, defendeu.

Marina rebateu dizendo que lamentava a falta de autocrítica do PT e atacou o “bolsa-empresário”, se referindo a empréstimos que o BNDES deu a empresas nos governos petistas.

Haddad, na tréplica, discordou alegando que a candidata da Rede estava sendo injusta. “Dei muitas entrevistas reconhecendo erros que foram cometidos. Mas não vou jogar a criança com a água do banho”, rebateu, lembrando de conquistas do governo petista, como um saldo de 20 milhões de empregos.

Haddad associa PSDB a MDB

Geraldo Alckmin (PSDB) – João Miguel Júnior / TV Globo

Em uma fala de críticas ao PT, Alckmin disse que os petistas foram os responsáveis pela “grande crise” que o país enfrenta. Em resposta, Haddad associou o PSDB ao governo do presidente Michel Temer.

O petista também lembrou que o governo Fernando Henrique Cardoso aumentou a carga tributária e teve, ao mesmo tempo, aumento do endividamento. Para Haddad, os responsáveis pela crise foram o PSDB e a oposição no segundo governo de Dilma Rousseff, que, para ele, agiram para aprovar pautas bombas e acelerar o processo de impeachment.

“O PT terceiriza a responsabilidade. O PSDB está fora do governo há 16 anos. O que o FHC tem a ver com isso?”, retrucou Alckmin. “Quem quebrou o Brasil foi o PT e a Dilma, quando disse que ia fazer o diabo para ganhar eleição. Nem PT, nem Bolsonaro vão tirar o Brasil da crise”, acrescentou.

Haddad lembrou que o PSDB teve quatro ministros no governo Temer e que ainda tem um (Aloysio Nunes ministro das Relações Exteriores).

Em outro embate, Boulos também relacionou o PSDB ao governo Temer, lembrando que o partido apoiou a reforma trabalhista. Em sua resposta, Alckmin disse que direitos não foram tirados na nova legislação. “É uma inverdade o que está colocado. O que fizemos foi acabar com 17 mil sindicatos mamando no imposto sindical”, defendeu.

O ex-governador aproveitou ainda para retrucar Haddad na questão anterior: “Quem escolheu o Temer foi o PT, duas vezes”.

Alvaro Dias encarna antipetismo

Álvaro Dias (Podemos) – João Miguel Júnior / TV Globo

Ao longo de todo o debate, Alvaro Dias repreendido pelo mediador William Bonner e dos candidatos Fernando Haddad e Henrique Meirelles. Logo na primeira aparição, Dias não conseguiu fazer sua pergunta por ter usado todo o tempo para queixar-se de não ter tido espaço na TV Globo até o debate.

Foi ele também quem provocou o único direito de respostas do evento ao dizer que Meirelles era cúmplice de corrupção por fazer parte do governo Temer. Ao emedebista foi dado o tempo para responder. “O candidato Alvaro Dias está bastante confuso, inclusive sobre o que é ficha limpa”, defendeu o ex-ministro.

Durante embate com Haddad, Bonner pediu a Dias que não se movimentasse muito, porque estava saindo da marcação da câmera. O petista aproveitou a deixa e disse que o senador paranaense estava “atrapalhado” e perdido em “relação ao tempo e ao espaço”. Dias retrucou, dizendo que “não se engana sobre o PT”.

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